quinta-feira, 10 de maio de 2012

E por último...


1.  Conclusão

Através da realização deste projeto foi-nos possível ter um conhecimento mais alargado sobre algo que também nos diz respeito; e refletir sobre questões que estão sempre presentes na nossa vida quotidiana mas que passam despercebidas.

Beneficiámos também do contacto com os membros da comunidade escolar, algo que considerámos importante uma vez que este trabalho foi realizado num contexto escolar muito específico que contribuiu para a obtenção destes resultados.

Por último, mais do que exercitar a nossa capacidade de argumentação, melhorámos a nossa capacidade de compreensão através da decomposição de um tema geral em subtemas específicos, dando-nos a oportunidade de nos debruçarmos sobre pequenos fragmentos do assunto, compreendendo-os, para depois os juntar e adquirir um entendimento uno.

O que fazer?


1.  Um sítio virtual

           

Depois de feitas pesquisas, análises, avaliações e tiradas conclusões resolvemos que este projeto poderia funcionar como mais um instrumento de informação na realidade que é a internet.

Desta forma, propusemo-nos a disponibilizar este trabalho a qualquer pessoa que o procure através da criação de um blog.

Neste blog encontra-se o desenvolvimento do trabalho na sua íntegra, tal como é aqui apresentado para que possa informar, mas também servir de fonte a colegas estudantes de todo o mundo que se vejam na perspetiva da realização de um empreendimento semelhante.

É possível aceder ao espaço virtual através do endereço eletrónico http://sexualidade-adolescente.blogspot.pt/.

À conversa com...


1.  Comparação de resultados

            Depois de todo este trabalho, percebemos que seria pertinente comparar os resultados obtidos e as conclusões tiradas com alguém que possuísse qualificações para se debruçar sobre os assuntos abordados.

            Desta forma, tivemos um diálogo informal com a Dr.ª Ana Mary Monteiro Lapa, Psicóloga Clínica, licenciada pela Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Lisboa e pós graduada em inúmeras áreas da psicologia. A Dr.ª Ana Lapa também trabalhou durante vários anos com jovens através da Escola de 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas Básicas Professor Egas Moniz e da Comissão de Proteção de Menores e Jovens em Risco de Sintra Oriental (CPCJ), entre outros, disponíveis em www.anamaryml.pt

            Considerámos que este contacto foi extremamente positivo e satisfatório uma vez que a Dr.ª Ana Lapa validou todas as nossas conclusões e análises, enaltecendo a importância da ponderação na decisão de iniciar a prática sexual. A Dr.ª Ana salientou também que “ainda existe um caminho a percorrer no sentido dos progressos a serem feitos no que toca à sexualidade adolescente, mas estamos a percorrê-lo acertadamente”.

            Desta forma, encontramo-nos satisfeitos com o que foi estudado e com o que foi apreendido.


O Colégio Santo André


1.    Estudo no Colégio Santo André



1.    O que teria/teve mais importância na tua escolha de iniciar a tua vida sexual?

       Esta questão, de cariz mais pessoal, leva-nos a concluir que ambos os sexos registam valores semelhantes em relação aos adolescentes que consideram que eles mesmos são o fator mais decisivo na sua sexualidade, assim como um namoro de média ou longa duração.

No entanto, a família e amigos tomam grande relevância. No caso masculino, a opinião do grupo de amigos e a influência do mesmo é altamente valorizada. Nas raparigas, esta relevância observa-se no domínio familiar.

Pudemos concluir que os jovens não consideram que o ambiente escolar (e social) tenha qualquer importância na escolha de começar a vida sexual. Apesar destes resultados, consideramos que os adolescentes apenas não têm uma perceção consciente do peso deste fator, o qual pode muitas vezes influenciar grandemente todos os outros.



2.    Consideras importante a existência de aulas de educação sexual?

2.2.        Se sim, em que ano de escolaridade?

A análise da primeira questão é extremamente clara: os adolescentes, na sua maioria percebe a importância das aulas de educação sexual que iriam servir para esclarecer dúvidas e tornar este tema mais sério.

As discrepâncias apenas surgem na questão 2.1., na qual existe uma opinião dispersa acerca do início da vida sexual. Apesar disto, em ambos os sexos, a maioria escolheu o 9º ano de escolaridade, sendo que também se registaram elevados valores por parte do sexo feminino no que diz respeito ao 8º ano, e no sexo masculino no que diz respeito ao ensino secundário.



3.    Alguma vez tiveste um diálogo sério sobre sexo com os teus pais ou com outro adulto?

Considerámos bastante positivo que uma significativa percentagem de alunos tenha indicado que já teve um diálogo sério com um adulto sobre sexualidade. Este facto mostra que, apesar da existência de influências como os amigos ou os media, os adolescentes ainda procuram esclarecimento junto de adultos mais experientes.

 Resta apenas descobrir se esse diálogo foi produtivo e serviu para esclarecer dúvidas e para criar uma boa educação sexual.



4.    Já iniciaste a tua vida sexual?

4.2.        Se sim, consideras que foi a decisão acertada, tendo em conta aspetos como a idade, o parceiro sexual e as circunstâncias?

Através da análise dos resultados obtidos na questão 4 chegamos à conclusão que a maioria dos adolescentes que foram alvo do nosso inquérito já iniciou a sua vida sexual. Verificámos também que há um número de rapazes maior que já iniciou a sua vida sexual, talvez fruto da influência dos amigos e do prestígio que isto lhes dá como verificámos na pergunta 1. Já com a resposta negativa de mais raparigas podemos concluir que a cautela da família e a sua influência foram possivelmente os responsáveis por estes resultados.

            No que diz respeito à questão 4.1, a maioria dos jovens considera que a sua decisão de iniciar a vida sexual, tendo em conta todos os parâmetros mencionados, foi a mais acertada, o que se revela positivo pois demostra que os adolescentes não são precipitados nesta escolha tão importante.



5.    Tens conhecimento de algum caso em que alguém tenha iniciado a sua vida sexual devido a pressões exteriores?

            Nesta questão, os resultados foram diametralmente diferentes no que toca a terem ou não conhecimento de alguém que tenha começado a prática sexual devido a pressões exteriores. O mesmo número de raparigas que respondeu que não foi o mesmo número de rapazes que respondeu que sim, e vice-versa.

            Estes resultados podem dever-se às diferentes relações que rapazes e raparigas estabelecem entre si. As raparigas têm tendência a desenvolver relações mais cúmplices umas com as outras, o que não sucede tanto com os rapazes.



6.    Consideras que atualmente a sexualidade e um assunto que não é tomado com seriedade suficiente?
Nesta questão existe uma oposição em relação aos dois sexos, o sexo feminino acha que, na atualidade, a sexualidade é realmente tomada com seriedade deixando a resposta negativa com uma menor percentagem, enquanto que no sexo masculino acontece exatamente o oposto.




7.    Consideras que a sociedade é suficientemente tolerante em relação à homossexualidade?

No assunto da homossexualidade, a maioria dos adolescentes demostrou uma visão muito positiva, considerando que a sociedade não é tão recetiva à homossexualidade como devia. Os jovens acreditam que isto de deve à existência de preconceitos, estereótipos e injustiças contra esta orientação sexual.



8.    Consideras que as aulas de educação sexual deveriam incluir a sexualidade a partir do ponto de vista dos adolescentes homossexuais?

Tal como na questão anterior, a maioria dos jovens acredita que as aulas de educação sexual deveriam abordar o ponto de vista dos adolescentes homossexuais.

      As justificações destas respostas consistem no facto de os jovens considerarem que a educação sexual é importante, pelo que deveria incluir todas as pessoas, de todas as sexualidades. Os jovens consideram que deve existir uma posição de igualdade e que ninguém se deveria sentir excluído.


 

Os adolescentes e a homossexualidade


1.  A homossexualidade

As sociedades têm, na sua maioria, uma ideia pré-concebida de que toda a humanidade é heterossexual, que todos os indivíduos que nela se incluem sentem atração por outros do sexo oposto, sendo isso uma norma, quase uma “lei”. O que se encontra para lá dos limites dessa norma é considerado diferente, anormal e, por conseguinte, mau. Estes indivíduos que optam por este meio de vida não convencional devem ser imediatamente excluídos e afastados, sendo a homossexualidade quase comparada a uma doença, uma praga, algo que, se não nos mantivermos suficientemente afastados, se pode alastrar.

Mas pondo de parte todo este preconceito, o que é realmente a homossexualidade? Será uma opção, uma escolha, ou algo genético, uma característica inerente a certos seres humanos quando nascem, tal como o é a heterossexualidade?

O termo homossexualidade teve origem no grego homos que significa mesmo e sexus que significa sexo e consiste na preferência sexual, atração física e emocional, por indivíduos do mesmo sexo. É, segundo estudos científicos recentes, uma orientação sexual definida geneticamente na infância. Existe, no entanto, uma certa controvérsia no que diz respeito às possíveis causas da homossexualidade. Alguns investigadores e psicanalistas defendem que tem uma origem genética. Outros, pelo contrário, partilham a opinião que esta orientação sexual é o resultado da educação e meio ambiente em que os indivíduos em questão foram criados. No entanto, todos eles defendem que a homossexualidade não é uma doença ou uma opção, mas sim uma característica partilhada por certos seres humanos, na qual a vontade individual de cada um não tem qualquer relevância.

Ao longo da história, a homossexualidade foi admirada, tolerada ou condenada conforme o contexto cultural e as normas sexuais da época. Quando admirada, era encarrada como uma forma de melhorar a sociedade. Quando condenada, era um pecado, uma doença, algo que ia contra as normas sociais e bíblicas, contra o que era padrão. Até inícios do último quartel do séc.XIX, a homossexualidade era considerada uma doença mental que até poderia ter causas físicas ou ter surgido devido a um desvio da orientação sexual provocado por uma perturbação nessa área. A partir dessa altura, começa a ser feita grande pressão, por parte dos homossexuais, na comunidade médica de forma a alterar este rótulo de doença. Esta comunidade acabou por ceder, em grande parte devido a não se terem registado qualquer diferenças do foro psicológico e mental entre um indivíduo heterossexual e um indivíduo homossexual. A homossexualidade tem então vindo a perder a denominação de doença, para ser aceite em quase todos os países desenvolvidos. Existem, no entanto, países em que a homossexualidade é ainda associada a um grande mal, chegando mesmo ao extremo de ser considerado crime e condenada a severas penas, incluindo a pena de morte.

O que se verifica em muitas sociedades, essencialmente nas tribos africanas é que a homossexualidade surge como um meio de alcançar prestígio, sendo praticada por todos os homens na fase da puberdade. Na verdade, as primeiras experiências sexuais dos rapazes eram com homens mais velhos, pois só assim eles poderiam ganhar status que os permitissem casar com uma mulher. Para além disto, tinham também que iniciar um rapaz mais novo. Mesmo depois de casados, os homens poderiam continuar a ter relações homossexuais. Por outro lado, a homossexualidade exclusiva era desconhecida e incompreensível.

Família. É um dos contextos no qual os homossexuais também sentem necessidade de se afirmar. É a aceitação da família, daqueles com quem sempre convivemos e que nos deram amor e transmitiram valores e princípios, que primeiramente procuramos. Muitas vezes, só com essa aprovação podemos viver realmente felizes. Nos dias atuais, mesmo a homossexualidade já não sendo um tema tabu, proibido e que cause tanta repulsa e medo, muitos pais ainda temem a futura orientação sexual dos seus filhos, muitos ainda os rejeitam. É mais complicado aceitar quando o problema nos afeta a nós, podendo, em certos casos, até destruir famílias. Mesmo sentindo amor pelos filhos, os princípios e valores enraizados e que foram transmitidos ainda impedem muitos casais de aceitarem plenamente esta orientação sexual. A família é o primeiro lugar onde se procura apoio. Se nem a família aceita, então é preciso questionar se a sociedade o vai fazer, sendo isso que muitas vezes impede um homossexual de revelar a sua identidade.

É na escola que uma criança começa a ganhar certos princípios e ideias que a vão acompanhar ao longo da sua vida. É, portanto, também neste local que se deve começar a educar as crianças no sentido de estas interiorizarem que, independentemente das diferenças, todos somos iguais e temos os mesmos direitos. No entanto, acaba por ser na escola, no lugar que deveria ser o mais neutro, que estes preconceitos se começam a criar e a enraizar. Começa por coisas simples como criar piadas com um aluno que gosta de brincar mais com bonecas ou que se relaciona com as raparigas até concretizar uma plena exclusão desse mesmo aluno, que começa a ser posto de parte em todas as actividades escolares. Muitas vezes estas reacções não surgem só da parte dos colegas, mas também dos professores que os deviam ensinar a ser imparciais, mas que não o conseguem fazer uma vez que eles próprios também não o são. A atitude dos pais também é muito relevante visto que muitas vezes eles incentivam as suas crianças a afastarem-se daquela que apresenta um comportamento considerado por eles como sendo “fora do normal”. Numa fase mais avançada da escolaridade e com esses princípios já enraizados, a exclusão social avança para comportamentos mais violentos como o bullying e agressão física e psicológica.

No que diz respeito à adoção por casais homossexuais também não existe consenso. Há quem argumente que os casais homossexuais são piores pais que os casais heterossexuais, o que não se registou até à data visto que a orientação sexual de um indivíduo não determina a sua aptidão para a paternidade, sendo que os filhos de pais homossexuais são tão saudáveis como quaisquer outras crianças. O facto de terem pais homossexuais também não significa que irão ter a mesma orientação sexual que os pais, visto até que a maior parte dos homossexuais têm por pais casais heterossexuais. 

A relação entre a homossexualidade e a religião variou muito na história, de acorda com a época e os preceitos da religião maioritária. No seio da civilização grega, a homossexualidade era claramente aprovada e incentivada, para, mais tarde, ser perseguida pelo Cristianismo. Atualmente, não é algo positivo e visto com bons olhos, sendo que muitas religiões consideram pecado e rejeitam e excluem todos aqueles que o praticam. Existem, no entanto, algumas vozes dentro das religiões que veem de um ponto de vista mais positivo a homossexualidade. Veem para lá do que é ditado pela religião, conseguindo discernir o amor que existe na união. Concordando ou não, existe um princípio de deve ser considerado universal e transversal para todas as religiões e que está expresso num versículo da Bíblia: a ideia de que, mesmo não concordando com a prática homossexual pois todos temos o direito de ser a favor ou contra, devemos respeitar e não reagir com agressividade ou repulsa.

Como membros de minorias, em muitas sociedades os homossexuais ainda são vítimas de preconceitos e discriminação, o que se traduz, em muitos casos, em violência física e psicológica contra elas perpetuada. Estas reacções são típicas de um comportamento homofóbico. A homofobia foi uma teoria desenvolvida há alguns anos e que se caracteriza pelo medo, aversão ou discriminação contra os homossexuais, tendo por base, algumas vezes, o “medo de contágio”.

Existe também o heterossexismo que é uma atitude mental que implica rotular as minorias sexuais na sociedade como inferiores. A heterossexualidade é, na sociedade, a norma, logo algo normal, sendo que, segunda o heterossexismo, tudo o que vai para lá disso, no que diz respeito à orientação sexual de um indivíduo, é inferior e não merece consideração. É uma atitude de preconceitos e discriminação contra todos os que não são heterossexuais, diferenciando-se da homofobia pois diz respeito a uma atitude partilhada por um todo, um grupo, enquanto a homofobia caracteriza uma atitude individual.

Em suma, apesar de a homossexualidade estar muito mais liberalizada nos dias de hoje, ainda existem alguns focos de discriminação e preconceito, mesmo nos países desenvolvidos. Isto dá a entender, por parte da sociedade e de cada indivíduo em particular, uma “falsa” aceitação da homossexualidade, sendo os mesmos ainda muito excluídos e olhados de lado. É preciso então questionarmo-nos se, nos dias de hoje, isto ainda é admissível, sendo que pregamos ao mundo o quão avançados somos.

Os Meios de Comunicação Social


1.  Os media e a sexualidade adolescente



«A sexualidade é uma construção histórica e cultural e por isso é preciso

entendê-la como algo muito mais complexo do que a reprodução humana ou o ato sexual, pois ela envolve sentimentos, desejos, relacionamento entre pessoas»

“MANIFESTAÇÕES DA SEXUALIDADE NO COMPORTAMENTO DOS

ADOLESCENTES E A INFLUÊNCIA DA MÍDIA”

GOMES, Ana Paula M. J.



Neste subtema, considerámos importante analisar a influência exterior dos media na vida sexual dos adolescentes, assim como as causas desta influência e os seus impactos, positivos ou negativos.

Nos dias de hoje, assistimos cada vez mais a uma banalização do sexo devido à maneira como este é retratado nos meios de comunicação, que têm tido uma crescente importância na vida dos adolescentes, e a uma desvalorização da opinião dos pais e da educação nas escolas.

É durante a adolescência que começa um verdadeiro “despertar sexual”. Cada indivíduo, a ritmos diferentes, começa a sofrer transformações físicas e mentais que o remetem para o desejo, e posterior início, da sexualidade. Dito isto, os jovens começam a refletir sobre si mesmos e a seguir modelos que estejam presentes na sua vida, modelos estes que se encontram muitas vezes na televisão e outros meios de comunicação. No entanto, isto pode ter consequências negativas visto que tentam imitar algo que não é suscetível de imitação, uma vez que os modelos escolhidos não são pessoas reais com vidas reais.

            Sendo que a televisão é o principal órgão informador, este adquire um grande poder na opinião e formação dos jovens. O sexo é utilizado por este meio de comunicação como um fator de entretenimento e de marketing, devido à ideia de que “o sexo vende”. Infelizmente, acaba por “deseducar” os jovens pela maneiro como omite e deturpa aspetos da sexualidade, acabando por passar a ideia de que é algo simples, fácil e sem importância e generalizando a ideia de que não é planeado, toda a gente o faz (sem usar contraceção), e não tem consequências reais. Infelizmente, pertencemos à geração que começa a vida sexual cada vez mais cedo e que acha que “sexo é só sexo”.

            Fazendo uma análise mais aprofundada, é fácil chegar à conclusão de que aquilo que é frequentemente transmitido na televisão é irreal e enganador. Este meio raramente contempla questões como a gravidez adolescente e as doenças sexualmente transmissíveis (DST), e quando de facto contempla estas questões, apresenta-as com um risco muito reduzido de acontecerem, e sem a devida gravidade.

            Este excesso de informação enganadora é o principal responsável pelas mudanças que se têm vindo a operar na sexualidade ao longo das últimas décadas. No passado, a sexualidade era tabu, hoje em dia, está excessivamente banalizada, sendo vista como algo normal que não terá qualquer impacto na vida do jovem. Assim, a iniciação e continuação da vida sexual acontece cada vez mais cedo, não existindo muitas vezes a devida informação, o que pode levar a arrependimentos e a mudanças psicológicas.

            Noutra vertente, dá também origem à criação de estereótipos sexuais e de género. Desenvolveu-se a ideia de que os homens têm um papel dominante, enquanto que as mulheres devem ser mais submissas, “delicadas” e dependentes. Isto leva a disparidades na vida dos jovens; as raparigas acabam por ter menos liberdade para expressar a sua sexualidade, enquanto os rapazes recebem frequentemente incentivos para tal. Isto atua na sociedade reforçando o sexismo através de heróis cinematográficos como James Bond que, depois de uma série de proezas, tem um grande sucesso junto ao sexo feminino, que foi “seduzido”, revelando-se sempre presente sem, no entanto, desempenhar um papel de maior relevância.

            Uma vez tiradas estas conclusões, é necessário chegar ao cerne da questão e perceber o porquê desta influência. Se a televisão tem um papel tão importante, é porque esta veio desempenhar um papel na vida dos adolescentes que estava disponível. Isto sucede devido à dificuldade que os pais e professores têm em conversar com os seus filhos e alunos acerca deste tema.

            Esta dificuldade vem do facto de estes adultos pertencerem a uma geração diferente que foi educada numa sociedade na qual a sexualidade era um tabu, e, assim, se nem eles tiveram facilidade em lidar com este tema durante a sua adolescência, torna-se difícil que o façam durante a dos seus filhos ou alunos.

            É essencial que a família e a escola retomem o seu lugar principal como educadores e modelos a seguir num tema tão importante como a sexualidade, para melhor educar e consciencializar os jovens de hoje, atuando como uma oposição à influência dos meios de comunicação social.

Quais são os impactos?


1.  As consequências da sexualidade nos jovens


            A sexualidade é uma parte importante na vida dos seres humanos, e visto que na maior parte das vezes, esta se inicia durante a adolescência e juventude, considerámos pertinente avaliar as suas possíveis consequências


            A sexualidade pode ter repercussões positivas, tais como um melhor conhecimento próprio, uma consolidação da personalidade, um aumento na auto estima e o desenvolvimento de uma relação muito significativa com outro ser humano.


            No entanto, se não existir uma consciência dos devidos riscos e consequências negativas que podem advir desta prática, a sexualidade passa de potencialmente positiva a prejudicial para a vida dos jovens.


            Estes riscos consistem numa gravidez indesejada, na contração de DST, e em profundos abalos e danos emocionais em personalidades que ainda se encontram em formação. Este último é abordado ao longo de todo o projeto, pelo que nesta fase iremos focar-nos nos primeiros dois.



 2.1. Gravidez indesejada

         Esta, apesar de não ser a única consequência negativa, é a que leva mais adolescentes a utilizarem métodos contracetivos. Isto deve-se ao facto de uma gravidez na adolescência ter o poder de abalar completamente a vida dos jovens, pelo medo de serem descobertos pelos pais, pela impossibilidade de esconder uma gravidez que é levada até ao fim do tempo de gestação, e por interferir com outra vida humana. Assim, engravidar é habitualmente o maior receio dos jovens sexualmente ativos.


            De facto, uma gravidez adolescente pode ter efeitos extremamente prejudiciais tanto para os adolescentes que nela se veem envolvidos como para a criança recém-nascida pois isto iria consistir em pessoas que por si só não são independentes a serem responsáveis por outra vida, esta sim inteiramente dependente. Assim, exagerando um pouco o assunto, quase que é possível afirmar que certas gravidezes adolescentes culminam em “crianças a tomar conta de outras crianças”.



 1.2.      Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)

        
            As DST decorrentes da prática sexual são deveras preocupantes pois comprometem a saúde dos jovens e põem em risco o bem-estar e mesmo a vida dos mesmos, tudo isto quando estas doenças são facilmente evitadas.

           
            Hoje em dia é possível não contrair DST mesmo sem recorrer à abstinência através de métodos contracetivos que resultam também na prevenção de gravidezes indesejadas.

           
            Existem inúmeros métodos tais como o preservativo masculino e feminino, os espermicidas, o diafragma, o Dispositivo Intra Uterino (DIU), a pílula e outros que servem de contraceção, alguns mais adequados aos adolescentes que outros, como é o caso do preservativo masculino e pílula. Estes métodos são também os mais eficazes (principalmente o preservativo) e os de mais fácil acesso, pelo que deveriam ser um assunto importante em possíveis aulas de educação sexual.
 

            A contraceção adequada previne o contágio de vários tipos de doenças que têm como agentes: bactérias, fungos, vírus, protozoários e ectoparasitas. Estes agentes são responsáveis pelas DST, algumas mais conhecidas como a sífilis, clamídia, gonorreia, SIDA (a manifestação do VIH), herpes, hepatites, entre muitos outros.


            Desta forma consideramos que é simplesmente fundamental que seja feita uma educação educada sobre doenças sexualmente transmissíveis, assim como sobre a maneira de as evitar.


1.3.    Conclusão


            Apesar de o ato sexual poder parecer simples e sem complicações, esta tendência reverter-se-á radicalmente caso não sejam tomadas as devidas medidas. A partir do momento em que um adolescente decide que está pronto para começar a ter relações sexuais, este deve consciencializar-se da responsabilidade que acompanha essa decisão.
            Desta forma, é necessário que se elimine totalmente a noção de “essas coisas só acontecem aos outros” que ainda prevalece em muitas esferas da sociedade mas que assume significados preocupantes no campo da saúde